EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 1 de julho de 2007

03 de junho - conto urbano-medieval-fantástico...


Ela olhou-se no espelho e notou que havia algo diferente. No entanto a mudança era de dentro para fora, o que significava que seria realmente importante, e que enxergava além da imagem refletida.
"My reflection", ela murmurou...
Passou a mão nos cachos em desalinho e decidiu tingí-los. "Red would be perfect."
Desceu da torre e saiu escondida na chuva com pensamentos distantes, mas sabia exatamente onde suas pernas a conduziam.
Parou na esquina onde se encontraram pela primeira vez, onde tinha certeza de que as respirações ficaram suspensas e os corações bateram descompassados. E continuou olhando aquele lugar, desejando que o mundo girasse ao contrário e que congelasse aquela cena, aquele encontro, aquela primeira sensação de que os outros sons emudeceram e que o que estava ao redor parou para olhar os jovens amantes.
Lembrou-se então de que certa vez ele confessou que sentiu vontade de lhe dar a mão ao atravessar a rua naquela noite. E lembrou que ele gostava de fazer cócegas até ela mal poder respirar de tanto rir. Sorriu. She was soaked to the skin.
Voltou para casa.
Secou os cabelos e pensou: "The red curls will enhance my eyes."
E então a princesa Fiona, a ruiva princesa-ogro, voltou à janela da torre e continuou esperando que o cavaleiro valente ressurgisse em seu cavalo branco e se encantasse novamente pelos seus cachos, agora vermelhos...


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