EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 7 de julho de 2007

the dark side of the forest...

Nina tentou gritar mas a voz faltou. As pernas não obedeciam: queria correr mas não saía do lugar.
O enorme salgueiro pronunciou palavras numa língua estranha e uma criatura bizarra surgiu ao seu lado. Sentiu a garra em seu braço, fazendo com que finalmente penetrasse o lado negro da floresta.
Caminharam entre árvores negras e folhas secas. À medida que entravam, mais frio e escuro tornava-se o lugar.
Alcançaram um imenso pátio onde havia outras criaturas iguais àquela e ainda outras diferentes, porém tão bizarras quanto. No meio do pátio havia um grande círculo desenhado no chão, contendo em seu interior símbolos que Nina desconhecia. Alguns daqueles seres sinistros seguravam cabeças de animais sacrificados e tinham as garras sujas de sangue, provavelmente o mesmo sangue que fora utilizado para marcar o símbolo no chão.
Nina foi conduzida ao centro do pátio e tornou a ouvir o som estridente que ouvira anteriormente perto do salgueiro. Todas as criaturas retiraram-se rapidamente, deixando Nina sozinha e apavorada. Pensou em correr, mas não sabia para qual lado seguir. Fechou os olhos e pensou no vento: "Poderia o vento ouvir-me aqui, nesse lugar tão escuro e frio?"
Seus pensamentos foram interrompidos por uma imagem aterradora: um demônio estava fitando-a tão de perto que era possível sentir a respiração da besta.
"Vento, meu querido e amado vento... tire-me daqui... Preciso que me guie de volta ao seu encontro...", pensou Nina.
- Tarde demais, doce Nina. Agora tomei-te para mim. Tua tristeza te empurrou da janela daquela torre. Mas tua curiosidade te conduziu até o escuro... Vieste com teus próprios pés. Tomarei teu corpo, tua raiva e teu medo...
- Mas nunca tomará minha alma! - interrompeu Nina.
- Veremos, pequena Nina. Isso é o que veremos...


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