EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

monólogos...


Cansei dos monólogos. Perfiro os diálogos. Estes têm mais ação, mais envolvimento, mais calor.
Costumo comparar monólogos com masturbação e diálogos com sexo (com pelo menos um parceiro - bom, isso depende do gosto de cada um). A masturbação é apenas um paliativo para a satisfação de uma necessidade, assim como o monólogo. Às vezes precisamos falar, cuspir ou vomitar sílabas, exercitar a língua, trocar idéias, mas o outro lado não quer ouvir ou recusa-se a responder. Aí, falamos sozinhos. Que graça há nisso? Na hora até alivia, mas permanece a necessidade de uma resposta, de ouvir uma voz diferente. Na masturbação acontece a mesma coisa: até conseguimos gozar, mas orgasmo, ORGASMO mesmo, muito difícil. Não é a mesma coisa. Quem disser que sim, é um grande mentiroso. O calor do outro corpo, o cheiro da outra pele, o gosto da outra saliva, o toque, a textura, tudo é diferente. A troca é muito melhor.
Começo a pensar que há uma série de coisas que não têm graça fazer sozinho: jogar damas, pega-varetas, canastra (Mr. D me ensinou o nome do jogo! Thanks, D!), raspar panela de brigadeiro, contar piadas etc...
Conclusão? Não dá pra viver sozinho...
Eu não quero viver sozinha.

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