EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 6 de outubro de 2007

constatação II...

Esse meu exacerbado interesse antropológico aliado à minha incansável observação do que chamamos de rotina conduzem-me, aos poucos, a uma série de constatações do óbvio. Eis outra delas:
- Uma das primeiras colocações que os apaixonados (ou aspirantes) fazem quando integram o objeto de paixão à sua vida é a de querer dormir juntos.

Ora, amigos! Quem é que quer dormir junto? Aquela coisa de dormir agarradinho, com a cabeça sobre o braço ou peito do companheiro pode parecer deveras romântico, mas nada confortável ou útil. Você pode acabar causando dormência no braço de seu amor ou sofrendo de torcicolo.

Dormir juntos pra quê? Eu quero mesmo é estar acordada junto de meu bem, fazer coisas juntos, conversar, rir, brigar, viajar, fazer amor, desvendar mistérios nos olhos dele. Além do mais, querer dormir juntos é apologia à falta de diálogo. O amante (ou amado) acaba tornando-se parte do cenário (digo cenário para não parecer cruel ao dizer mobília). Com o tempo, o companheiro acaba levando um livro para a cama (uma puta traição!), e passa a preferir dormir agarrado ao travesseiro de penas de ganso a fazer cafuné até que você durma.

E depois de todos os argumentos supracitados, vale fazer a seguinte observação: o sono é o único momento do dia em que temos um tempo somente nosso. São as únicas oito (ou seis, ou quatro) horas do dia em que podemos ser deliberadamente egoístas, sem culpa.

Com isso, não assumo uma postura niilista ou algo que valha. Acredito no amor, sim. Sou romântica (até demais). E sonho... muito... Mas ainda prefiro dormir sozinha...

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