EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 10 de novembro de 2007

a luz...

Marie acordou com batidas à porta. Pensou que estivesse sonhando, mas as batidas tornavam-se cada vez mais insistentes. Olhou para o relógio ao lado da cama e viu que passava das 3 da manhã. Era tarde - ou cedo - demais para uma visita. Levantou-se e, tateando as paredes, dirigiu-se à sala. Abriu a porta sem perguntar quem batia, e deparou-se com o corredor vazio e escuro, onde uma luz brilhava lá no fim... Mas o corredor parecia mais longo que o de costume. Marie resolveu seguir e ver o que havia no final dele. À medida que as portas passavam, sentia que deixava algo para trás, era como se cada uma daquelas portas fosse uma parte de sua vida, ou, talvez, algumas de suas escolhas.
Marie continuou andando, acelerando o passo, sentindo medo do escuro que a cercava, desejando alcançar a luz. Começou a ouvir sussurros e risadas pelo caminho, apavorada com o que poderia encontrar antes de chegar a seu destino. O corredor tornou-se uma câmara de horrores, e Marie cruzou fantasmas que ainda atormentavam seu sono, mas apertou os olhos e seguiu. Os medos e inseguranças tomaram forma e uivavam ao seu redor, fazendo ecoar por todo lugar o som que desesperava Marie. Parou por um instante e olhou para trás. Não via mais a porta de seu apartamento. O caminho estava todo encoberto por uma neblina densa e fria. Não havia mais volta.
Marie precisaria enfrentar seus medos e seguir. Havia apenas uma saída...

Nenhum comentário: