EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Logo pela manhã

O DIA DEPOIS
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Não havia a ansiedade e a dúvida de quem está prestes a conhecer alguém, pela primeira vez. Havia saudade de quem está prestes a reencontrar alguém que se esperava há muito tempo. Tanto tempo, que quando os minutos e segundos marcavam o tempo que corria até os braços de quem se ama, não existia como não se perguntar como se conseguiu viver até então no esquecimento da pessoa amada.
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Juntos, tempo não existe. São momentos pra vida inteira, que sobrevivem e nos alimentam enquanto no futuro acordarmos com saudades. Uma outra saudade, a tal tristeza-feliz, que esboça sorriso e lacrimeja os olhos quando o pensamento cruza a distância que nos separa é que se instala. Rememória pacífica, doce. Os sentidos jamais serão os mesmos.
Fome, sede, tortura, clemência, dormência, mais e mais. Na paz e na guerra, de mãos dadas. Quando se amam, viram bichos. Animais. Felizes. Como se sonhou, e, no entanto, incomparável a qualquer promessa, profecia ou presságio. Há certas coisas que só podem ser ditas com beijos, as palavras não traduzem tudo.
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Nem as noites, juntos; é preciso a vida inteira pra se fazer compreender todo o amor, e mesmo ela, a vida, talvez seja pequena para mostrar toda força que é o que se sente. Uma vida é pouco para te dizer o quanto te amo.
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10/04/2008

Postado por José

Um comentário:

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Quando chegou por trás e as mãos cobriram meus olhos, tive certeza. Era o cheiro da pele, os pêlos, o gosto da boca, a cor dos olhos...
"Re-memória"
No fim, sei que somos conhecidos de longa data. E esse foi o momento do reencontro. Porque há um caminho a seguir: o de mãos dadas (não importa pra onde ele leve: sul, norte, aqui ou aí).