EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 26 de abril de 2008

sobre a crítica e o senso comum...

Esses dias li alguns textos que falavam sobre excelentes artistas (de todos os segmentos) que foram massacrados pela crítica e depois endeusados por ela.
O mais assustador é como a sociedade acata esse vai-e-vem de opiniões alheias. Isso é algo que se assemelha à religião: é preciso estar reunido em um grande grupo e ouvir uma única pessoa dizer e explicar algo para que se forme uma certeza do que se trata.
Somos umas criaturas racionais e estúpidas. Enquanto seres racionais e inteligentes (há exceções), deveríamos ser capazes de ler, ver, ouvir, interpretar e julgar qualquer coisa de acordo com nosso próprio bom senso. Formar uma opinião própria (e diversa às outras) sobre todo e qualquer assunto.
Mas ainda temos essa necessidade doentia de escolher o filme de acordo com "O Bonequinho Viu", de comprar livros aclamados pelo "Verso e Prosa", de comprar roupas das grifes mais badaladas, saindo todos iguais, quase que uniformizados.
Então, devo dizer que não acredito nos que criticam. A crítica é algo pessoal.

Assim como grandes gênios foram considerados alunos medíocres, grandes artistas só tornaram-se grandes após sua morte, bons escritores foram e serão duramente criticados.

Por isso eu quero mais é que a crítica se foda!

Talvez seja culpa dessa minha insubordinação nata, dessa minha "fascinante insubmissão" (disseram-me isto ontem). Talvez eu realmente seja "
a shitload of trouble" - traduzindo: pura encrenca, adrenalina, nitroglicerina.
Eu gosto do que eu gosto, não do que dizem que é bom. Gosto do meu bom gosto. Gosto de filmes ruins, livros rasos, artistas trôpegos, telas cafonas. Tudo isso de acordo com os empoleirados críticos.

Por isso escrevo pra mim, não para os outros. Por isso tenho horror dos concursos literários. Por isso ainda não participei de nenhum. Mas acho que deveria tentar, ao menos uma vez, pela diversão de ler as opiniões dos senhores formadores de opinião. O que é ruim para eles ou para todos, muitas vezes me encanta.
Certa vez disse que rótulos e bulas de remédio são leituras de banheiro. Acrescentem "críticas" à lista.
Sou libertária e libertina demais para deixar que me rotulem ou classifiquem.
E quanto às críticas? Critiquem-me, por favor, sempre. Se darei ouvidos a elas, aí já é outra história...
Postado por Nina


7 comentários:

E agora José? disse...

Me desculpem os críticos, mas crítica é fundamental. Aqueles que opinam simplesmente, têm sua importância e relevância, mas precisam reconhecer que o que defendem são opiniões. Acredito que crítica, quando se trata de literatura, deve se ater a interpretações e leituras. A visão de quem escreve e a de quem lê são bem diferentes, e o que um crítico deve fazer é mostrar onde o escritor pode melhorar para ser melhor entendido em sua proposta inicial. E dizer a ele como sua proposta provavelmente será aceita, de acordo com o conhecimento que ele detém. Crítico não é juiz, nem carrasco. Criticar é preciso, julgar não é preciso. A Crítica como conhecemos hoje, precisa rever os seus conceitos.

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Infelizmente, José, os críticos são juízes...
Infelizmente...

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Ah, já que estamos falando ´nisso, postarei o mesmo comentário que postei no seu blog (eu tô chata hoje, eu sei...):


Eu, sinceramente, não acredito na crítica como classificadora. Acredito que todos têm direito de criticar, sim, isso é até muito construtivo. Mas daí a um punhado de "opiniões" classificarem uma obra ou autor, é outra história. Além do mais, não acredito que a arte possa ser classificada tecnicamente. Não estamos falando de ciência, estamos falando de sentimento, de coração.
Arte, em qualquer esfera, é sentimento. Não escrevo sonetos porque não gosto de métrica, e quando me arrisco em poesia, não dou a mínima pra ela. Quando pinto um quadro, não quero saber de técnicas de pintura, eu sinto a tela, as tintas, e as utilizo da forma que acho melhor... Aí vem um cara e diz que eu inventei uma nova técnica... Faça-me o favor...
Deve ser fácil ganhar dinheiro dizendo se você gosta ou não do trabalho dos outros...
O Rio de Janeiro é um grande exemplo disso: há artistas maravilhosos que não têm espaço porque não têm grana para fazer, por exemplo, vernissages. Sabe o que eles fazem? Vão para â porta do metrô no centro da cidade expor os trabalhos... Aí vem uma "filhinha-de-papai", suja uma tela de tinta e diz que é arte abstrata e minimalista... E são esses trabalhos que os críticos elogiam e classificam como ARTE.
Resumindo: faça o que você sente, deixe os sentimentos transbordarem pelos poros e escreva (ou pinte, ou borde)da forma que você sente as palavras. Isso é a verdadeira arte. Nunca se deixe corromper pelo maravilhoso mundo da crítica...
Será que sou revolucionária ou insubordinada demais?
Desculpe... Me empolguei...
rsrs...

Ricardo Augusto disse...

Concordo totalmente com o texto! Não que discorde do Zé, afinal, a crítica é necessária, porém, tomá-la como verdade não.
Gosto de formar minhas próprias opiniões a respeito das coisas, mesmo quando essas opiniões vão contra o senso comum. Livros, filmes, músicas... qualquer tipo de arte é subjetiva demais para ser classificada como absolutamente boa ou ruim.

Há quem goste de Mozart e há quem goste de Chiclete com Banana. Há quem goste de Godard e há quem goste de Zé do Caixão. Há quem goste de Victor Hugo e há quem goste de Dan Brown. C'est la vie. Temos que respeitar as opiniões alheias, inclusive a dos críticos, o errado é segui-las apenas por segui-las.

Por isso que eu não me envergonho de dizer: Eu adorei Rambo 4!!!! hehehehe

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Eu chorei assistindo "Esqueceram de Mim".
(trauma de infância dá nisso...)
hehehe

Anonymous disse...

Interessante estas explanações apaixonadas, concordar ou discordar apenas serviria para fomentar a discussão...
todavia não posso deixar de dizer o que penso.. esse é o real sentido do questionamento...
sempre considerei que o que mais frustra o "crítico especializado" é saber que o seu próprio conhecimento é adquirido através da experiência de outros, terceiros que nem mesmo têm a ver com ele mesmo...
O crítico é, via de regra, um artista frustrado, um pseudoconhecedor que torna pública sua má-vontade e angústia e, na melhor das hipóteses, o desconhecimento com a Alma do Artista...
Apenas ser sabedor de técnicas aprendidas em tempos posteriores não podem tornar um especulador a viga-mestra, o catalisador do sucesso ou fracasso de uma Obra...
Que se desafie o "crítico" a melhorar a Obra "criticada"...

Sir Moassa

I'm Nina, Marie, etc... disse...

E não é justamente a paixão que nos move, Moassa?
Yeah!
\o/
Desafiemos os críticos, então!
:)