EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

tempo, tempo, tempo...

O tempo é uma incógnita, uma visão ilusória do real. O tempo nominal não tem relação com a intensidade das coisas vividas. O tempo não passa de um faniquito, de uma crise nervosa sem importância ou gravidade inventada pelo homem.
Por que contar o tempo, olhar os ponteiros do relógio, consultar o calendário?
Bastaria ver o sol nascer e se pôr para saber quando o dia começa e quando termina. Bastaria sentir no peito o amor para dizer que se ama, para sentir vontade de passar o resto da vida com o outro, sem se preocupar se ainda é cedo ou não. Bastaria viver para saber que a idade é um protocolo estúpido a ser quebrado, para continuar sendo criança ao envelhecer.
A quem importa o tempo? A mim, não.
Tempo é distância, e medí-lo significa distanciar-se do que é importante, pois o que realmente vale a pena não pode ser medido ou contado. O amor não é proporcional ao tempo que dura, porque amor não tem idade: é um eterno menino de calças curtas a pular corda.
No dia em que fui mais feliz eu vi um homem numa mula no acostamento da estrada. E vi um outro homem de tranças.
Quando foi isso? Não importa. Não faz diferença. Continua tudo aqui dentro de mim.
Postado por Nina

2 comentários:

E agora José? disse...

E o café quente de queimar a língua no Borsato e o pão de queijo. Ver os cachos perdidos, e surpreender os olhos, finalmente reencontrar a boca de coração. Matar a saudade de fazer feliz a quem se ama, com palavras e gestos. Dançando na despedida na rodoviária como um doido varrido que sabe que não importa o que o relógio diga. Cedo ou tarde, assim como nos reencontramos, pois já te amava antes de te conhecer, havemos de estarmos juntos novamente muitas e muitas vezes. E o Universo conspirando a favor como ele está, isso vai acontecer cada vez mais cedo. A sua presença está comigo sempre, dentro de mim, em mim. Eu não pertenço somente a mim mesmo, tenho todo o amor que se renova a cada piscar, cada noite e manhã. Desperto com borboletas ao redor da cabeça.

I'm Nina, Marie, etc... disse...

As borboletas sempre me acordam pela manhã...
:)