EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 28 de junho de 2008

drops

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Senti raiva do mundo. Raiva de mim. Raiva dos outros.
Senti na boca um gosto amargo que fazia ameaças insistentes.
Peguei a chave do carro, saí, bati a porta de casa, atravessei a rua correndo, deixei o mundo pra trás. Lembrei que não sabia dirigir. Fui embora.
Sentei à beira do mar e chorei; chorei pra colocar aquela porção má de mim pra fora, pra derramar o que eu não queria mais, pra liquefazer a dor.
Mas a lembrança viva olhou pra mim e sorriu. E falou. E despediu-se com um beijo de boa noite e um aceno. Longe, bem longe de mim...
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(se eu rearranjasse, poderia ser um poeminha... ou não...)
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3 comentários:

Jim d. disse...

Nina. O teu escrito me trouxe à memória cenas que vivi em Salvador. Muito bom o seu poema sim, fico com inveja or que vc proseia muito bem, mas uma inveja que me faz tentar escrever mais.
Continuemos então.

Lúcia Welt disse...

Nina
Que saudade de ti, que demoras a responder...
Neste texto revelas que estavas sofrendo, por quê? minha linda...
Lu

E agora José? disse...

Close, no matter how far. Muito bom, prosa poética.