EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

mar revolto...


Às vezes questiono meu mau jeito com as coisas e pessoas. Às vezes machuco ou esfrio sem explicações plausíveis (e há explicações para tudo?). Às vezes quero simplesmente estar só e em silêncio, quero deixar a toalha molhada na cama, quero não precisar dizer que amo, quero ser egoísta: quero não pensar.

Nesses momentos em que quero tudo e não quero nada, descubro mais uma porção do pequeno maremoto que se movimenta dentro de mim. Algo devastador vem crescendo de dentro para fora, algo fora de controle - porque eu não tenho controle. E isso impede a ação do meu altruísmo. Estou mergulhada em mim. E o meu oceano é vasto e sem horizonte, pois não tem um fim decifrável.

Não há fracasso, mentira ou embaraço; não há culpados: há apenas o chão sem limite abaixo dos pés. Há um "sem" número de razões para querer ver tudo de fora, num ângulo diferente. Há essa inquietação de um tempo do qual não me recordo. Há esse desejo de caminhar, sem parar, até a curva do mundo (onde ela começa?).

Aqueles que se perguntam o que se passa em minha cabeça ou o que eu sinto, estão perdendo tempo. Eu sinto, apenas, sem pretensão de tornar inteligível o que acontece dentro de mim.

Mas se alguém conseguir suportar meu silêncio e minha ausência, sem questionamentos ou indagações, poderá seguir ao meu lado - se assim desejar. Basta estender a mão.


2 comentários:

t.o r.k.m u.r p h.y... disse...

tens um belo oceano aí...

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Existe algo mais belo que o oceano?

O mar me enebria tanto que quando vejo essa pintura que ilustra o post, sinto-me repleta de uma familiaridade inexplicável...