EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 10 de maio de 2009

blá-blá-blá...


É estranho falar em primeira pessoa. Sempre preferi criar metáforas e terceiras pessoas para dizer algo sem que me pusesse efetivamente no papel. Uma coisa é viver o inesperado, outra totalmente diferente é reconstruí-lo e ver exatamente onde errei, onde poderia mudar o rumo das coisas, onde poderia ter tido coragem para pular de algum precipício. Eu me reconstruo intencionalmente como qualquer pessoa: escolho as memórias, os fatos, as fotos. Escolho as personagens como escolho as roupas (já devo ter mencionado isso antes). 
Não fumo há cinco meses, mas não parei de beber. Às vezes penso em virar natureba, mas isso me tornaria letalmente chata. Confesso que sinto falta do cigarro - como agora - mas consegui substituí-lo sem problemas pelo chocolate (o que me rendeu alguns quilos). Também reduzi o café - e meu estômago agradeceu bastante. O cabelo curto - de novo - irritaria muito alguns, mas me deixa extremamente feliz. Sou uma espécie de Sansão às avessas, porque toda vez que preciso me livrar de um peso ou me sentir renovada, vou à tosa. E isso realmente me faz sentir mais leve - ao contrário do que dizem por aí, não acredito na convenção estúpida de que mulher precisa ter cabelo comprido. Quem estabeleceu isso? É mais uma balela cultural que a gente não faz idéia de onde surgiu.
É muito estranho escrever assim. Ao mesmo tempo é fácil, tudo sai numa prontidão incrível. Porque não preciso me disfarçar - ao menos não agora. Aqui há um reino sobre o qual tenho controle absoluto, mesmo que vez ou outra me perca nas minhas próprias gavetas. Sim, eu me perco. Mas quem se importa? Já não sei mais porque comecei a escrever isso.
E para terminar o blá-blá-blá nonsense, basta dizer:
- Vejam, vejam! A rainha está nua!
:)


Um comentário:

E agora José? disse...

Respondendo sua perguna: Eu me importo.

Porque nesse reino eu sou um convidado apaixonado por sua rainha. Dizem que só as crianças podem ver a roupa do rei - ou a nudez da rainha - mas acredito que os apaixonados também têm um pouco dessa sensibilidade das crianças.

E fico extremamente feliz por você ter visto que nada, nem o cigarro, nem mesmo o chocolate devem se fazer essenciais na sua vida. O controle é seu e deve permanecer com você.

E concordo com a sensação de se ir à tosa. Eu também me sinto melhor, mais forte, com mais energia, com mais vida depois de ter mudado o corte de cabelo. Um símbolo físico de uma transformação muito mais profunda em mim, da minha vida. Sempre para melhor, sempre com você pra sempre.

Sem contar que você ficou ainda mais linda assim. Eu te amo minha rainha.