EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

terça-feira, 21 de julho de 2009

[Des]tempo


Parti-me tanto naquelas noites
naqueles espaços de tempo
onde o lugar pouco importava
quando a vergonha fugia da alma
e o corpo dançava infértil
que hoje a água brota de todos os cantos
de todos os poros
verte em lágrimas, suor, gozo
o chão de medos
o céu de certezas
o limbo de improbabilidades
a terra de desejos angustiantes.

Fugi tanto daquelas horas
porque dias não contam tempo
porque tempo não existe;
o que é o tempo?
O carcereiro que segue tictacteando
o meu tempo sem-tempo
os meus segredos explícitos
as minha desrazões
os meus encantos e perdições
as intenções e desamores
e amores e raivas
a alma e o resto do corpo
porque o que me resta
é o resto do tempo sem-tempo.


3 comentários:

E agora José? disse...

Time is on our side... Yes it is.

Quero as horas, aquelas horas sem vergonha, que vertem suor e gozo e de desejos angustiantes. O tempo está no nosso lado e temos a vida inteira para nos perdemos nele, no tempo sem-tempo.

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Já estamos perdidos... fatalmente perdidos...

E agora José? disse...

Só depois de te encontrar é que eu pude me perder desse jeito, nessa felicidade, nesse gozo.