EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

ser mulher de escritor

Ser mulher de escritor é foda. É foda porque as mulheres se derretem por palavras bonitas. E poesia, então? Nem se fala. Pior ainda quando ele escreve poesia erótica. Aí, lascou de vez.
Totalmente diferente é uma mulher escrever contos eróticos ou poesia erótica. Os leitores do sexo masculino podem até se excitar, mas geralmente não é algo manifesto. Quando é, costuma ser contido ou tão tosco que a gente pode até achar graça. Além do mais, a diferença entre erótico e pornográfico é grande. E os homens tendem mais para a segunda opção.
O problema das mulheres é que elas se encantam com uma facilidade inacreditável. Um homem sensível, que manifeste seus sentimentos através da escrita é algo raro. Não são simples visões do mundo nem utopias quaisquer. São sentimentos. E eu digo isso porque me apaixonei por José lendo o que ele escrevia. E confesso que ele me fez chorar inúmeras vezes. Eu não sou a mulher mais sensível ou delicada do mundo, o que significa que, para alguém realmente me tocar com palavras, tem que ser muito bom. E nunca havíamos nos visto ou sequer trocado uma palavra. Simplesmente aconteceu. Do nada. De repente. Quando dei por mim estava entrando em contato com ele, mostrando o que eu escrevia, inventando motivos para trocarmos mensagens. E logo depois viajei 890 km e me vi em um pequeno terminal rodoviário na longínqua "Macondo", em frente a um viking de tranças e 1,80m de altura. Tudo isso aconteceu há quase dois anos e hoje ele ainda sorri toda vez que me beija e me apresenta como sua mulher. Costumo dizer que somos bichos, e que, como tais, reconhecemos nossos pares pelo cheiro. Escrevemos juntos, lemos juntos, corrigimos os textos do outro. É a cumplicidade da liberdade que proporcionamos e sentimos. Porque não há razões ou explicações para nos amarmos assim. Há o amor, simplesmente.
Ainda assim, com toda essa liberdade e certeza de que há muito mais do que encantamento entre nós, eu volto a afirmar: ser mulher de escritor é foda.

Um comentário:

E agora José? disse...

Ser tomado por vulgar, independente do sexo, para qualquer artista é ultrajante. Mas é fato que uma mulher que escreve textos eróticos infelizmente ou ganha sutis cantadas dos que as admiram e temem, ou ouvem as piores coisas dos filhos da puta que as julgam como suas mães.

Para um homem a coisa é diferente, as mulheres, mesmo quando querem ser abusadas, são mais refinadas.

De qualquer maneira um escritor não é um conquistador barato. Um escritor é simplesmente alguém capaz de despertar os sentimentos e os sentidos das pessoas. Aquele que fala a língua do coração e da alma.

Minhas mãos falam por mim para quem quiser ler. O meu desejo, admiração e amor por você vão ecoar em todos que quiserem se emocionar, porque não temo represálias nem tenho vergonha do que sinto.

Pelo contrário, tenho orgulho de ter você e de te dizer todos os dias que te amo e de te fazer poemas de amor. E que ninguém se engane. Entendam, se canto a luxúria da carne é para melhor enaltecer o êxtase da alma.