EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

em silêncio

Ele irrompeu sala adentro, como um tornado, e fez com que a porta impedisse que qualquer um entrasse naquele momento. Nada falou; beijou-lhe a boca como um selvagem e abriu as calças, já buscando o caminho entre as pernas cobertas pelo vestido.
Ouviam os outros trabalhadores passando pelo corredor, abrindo a porta ao lado e narrando assuntos que autoafirmavam seus postos de macho - sua virilidade.
Lambiam-se ofegantes, línguas desesperadas e sexos famintos por uma foda rápida e intensa, engolindo seus gemidos com saliva e arfares mudos. Ele encontrou um sexo que tremeu à primeira investida. Sorriu. Uma música abafava o som dos beijos e as batidas da mesa contra a parede, ao ritmo da batida de um corpo contra o outro.
As mãos grandes seguravam-lhe pelo quadril, indo e vindo forte e fundo, causando-lhe uma dor que se misturava com um quase orgasmo cadenciado, crescente, transbordante.
E enquanto ela quase morria com ele se desfazendo entre suas coxas, barbaridades eram rosnadas entre dentes... até que a pequena morte fizesse fluir o que ainda restava de suas almas.

Nenhum comentário: