EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

invasões bárbaras [repostando]

É noite de lua - rosno. Uivo para o céu. Deixo no ar o cheiro agridoce da concha venusiana onde deságua minha alma. É meu cantar para o sátiro - meu convite à dança.
Aproximação. Um início de delicadeza. Mas te quero bruto - pele embaixo das unhas, gosto de sangue na boca, um pouco de dor onde pulsa a vida nesse instante. Faço-me cadela. Culpa dessa outra maldita que reverbera nas paredes do meu corpo. Solto o verbo sujo em teus ouvidos e passo a língua em teu rosto, teu nome, teu desejo. De pelos eriçados - qual bicho - deixo-lhe o cio marcado na pele das coxas - nos pelos da virilha. E te quero forte, lento, fundo. Quero aspereza, crueza, um pouco de hostilidade. Invasão, barbárie, curra. Porque não tenho medo - tenho vida. Porque agora - nessas horas em que violentas meu mundo - sinto vibrar o coração entre as pernas.

Um comentário:

André disse...

aiaiaiaiai... bárbaro!