EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 27 de janeiro de 2013

do castanho vermelho dos meus olhos

entre minhas transparências mortais, gosto das espelhadas, dos reflexos dos meus olhos de castanhura terracota, porque meus olhos sangram e confessam meu caos emocional. meus olhos dialogam com tua boca, que fala com a minha através de semi-beijos, espaços entreabertos de quereres. toques não repletos de toques, antecipações de sentidos - pressentimentos. assim, tudo o que se passa fora dos olhos deixa de existir. estamos dentro. somos dentro - profundidades e desmesuras. teu hálito nas pálpebras faz sorrir meus olhos, que fazem projeções cartográficas de teus sorrisos. e na ressaca de meus olhos conto a ti o que não há de ter explicação. são apenas meus olhos, aquele louco par dissimulado de argila, aquela gravidade riscada - sanguínea. e o castanho vermelho conta tempo, segundos, saudades. conta histórias por vir - acalentos sussurros paixões.

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